segunda-feira, 16 de julho de 2012

Homem-aranha: Com grandes canastrices...

O filme do Homem-aranha dividiu opiniões. Alguns gostaram, outros não. Alguns tinham realmente uma opinião baseada nos furos de roteiro, inconsistência dos etos, ou se sentiam incomodado com as inúmeras pontas soltas ou que o "amigão da vizinhança" tenha se rendido ao "dark". Mas o talento do Garfield, da Ema Stone, e de Martin Sheen passavam credibilidade e identificação. Argumentos em ambas as trincheiras são muitos
 Mas há aqueles que não gostaram do filme por uma frase
 Mais precisamente: pela AUSÊNCIA de uma frase.

"Com Grandes Poderes, vem Grandes Responsabilidades".

 A Marca registrada da franquia, embora não tenha sido dita no berço do herói nos '70. Mas sejamos francos: não é uma frase fácil!

 O contexto: Peter Parker, adolescente nerd introvertido se descobre possuidor de poderes que o levariam à categoria de super-herói. Mas seu primeiro ato é bater em seu eterno bully Eugene "Flash" Thompson. Isso leva o lendário one-liner Tio Ben para a escola, questionar o Peter por se envolver em brigas. E nessa, ele dispara: "Com Grandes Poderes..."

 Quem usa a palavra "poderes" em um sermão? Talvez o pai do Super-homem, que é um super cientista de Krypton prestes a lançar seu único filho às estrelas para alcançar um planeta primitivo cujo sol amarelo lhe daria ... Grandes Poderes...

 Mas o Tio Ben?

Um senhorzinho com restrições econômicas que nem engravidar a pobre da tia May em 90 anos de casados? Ele nem sabia que o Peter fazia supino com pesos maiores que um saco de farinha! Ele tava lendo um Gibi e ainda estava desbaratinando da leitura?

Na franquia anterior, eles deram uma forçadinha. O discurso do Tio Ben (na época Cliff Robertson, o presidente de "Fuga de Los Angeles") foi "só porque você PODE bater, não quer dizer que DEVE bater... porque com Grandes poderes..."

Não soou forçado, não? "ele não pode, porque quando pode, deve ser responsável".

Mas no original, é "Can" indo a "powers". Este é um raro caso em que na tradução fica melhor que no original. Só se repetiria se a frase fosse: "Whith Greate CANS..."

Na verdade, estava curioso como iriam se sair desta. Eu até imaginei no filme da minha cabeça antes de ver o resultado final:

Cena: Tio Ben, feliz e faceiro, na mesa de café. Tia May no background lavando uma panela. Tio Ben traz uma tigela de cereais em frente a si, reforçando um pouco mais de leite.

- May, este novo cereal é supimpa! - fala o velho. - Deixa eu ver a marca.

Tio Ben pega a caixa e lê em voz altas, mas a plateia que sabe ler consegue ver também: "Grandes Poderes".

Intrigado, Tio Ben gira a caixa e lê algo no verso. Desta vez a fonte é pequena demais para nós - na audiência - seguirmos... Mas o solícito e oportuno personagem continua:

- Omessa, May! Ele vem com um brinde dentro? Qual será?

Ele mergulha parte do antebraço e procura alguns momentos. E enfim, tira uma sacolinha pequena de plástico com a prenda: Um trol com a camisa escrita - e novamente lida em voz alta pelo Martin Sheen:

- "Grandes responsabilidades"?!? Peter, meu garoto... Venha ver isto!

E o resto, é história.