domingo, 20 de abril de 2025

O Sonho Sabia Mais do que Eu

Eu estava na 5ª ou 6ª série, em meados dos anos 90. Curiosamente, lembro mais do sonho do que dos acontecimentos reais.


Naquela época, a internet ainda não era algo acessível ao público—muito menos para crianças. Computadores já existiam, sim, mas para mim era coisa de filme. Tudo era feito no papel.


Quando o professor passou um trabalho em grupo, fomos direto para a biblioteca da escola. Cada um escreveu sua parte à mão. E como eu era o único que tinha uma máquina de escrever em casa, fiquei responsável por datilografar tudo e entregar.


Tínhamos alguns dias de prazo. Mas, na primeira noite, não consegui encontrar os papéis. Revirei a mochila, olhei entre as páginas do livro—nada. O desespero bateu. Eu só pensava em como iria dizer para o grupo que teriam que refazer tudo.


Naquela noite, sonhei com esse momento. Eu tentava contar para eles que tinha perdido os trabalhos, mas não conseguia. Sempre que eu começava a falar, eles me interrompiam com brincadeiras, como se eu estivesse ali só pra divertir. Ninguém me ouvia. Eu, cada vez mais frustrado, até que no sonho enfiei a mão no bolso de trás da calça, puxei os papéis e joguei neles, dizendo que estava fora do grupo.


Acordei assustado.


Fui até o cesto de roupas sujas e peguei a calça que tinha usado na escola.


Havia um volume no bolso de trás.


Eram os papéis.


Engraçado como a memória funciona. Não lembro da nota que tiramos. Nem da reação do grupo, nem se eles souberam do sufoco. Mas lembro do sonho, como se tivesse sido uma mensagem do meu próprio inconsciente, tentando me dizer: “Calma. Tá tudo aí, só não tá no lugar que você esperava.”


Até hoje, de vez em quando, quando perco algo, paro, respiro… e lembro do bolso de trás da calça.

sábado, 12 de abril de 2025

Stand up NERD I

Avengers? Sério mesmo, Marvel?

Avengers? Sério mesmo, Marvel?

por um nerd frustrado e levemente revoltado com nomenclaturas

Vamos falar sobre um problema que assola o universo desde 1963: nomes de supergrupos.

Sim, Marvel, eu tô olhando pra você.

A gente precisa conversar sobre "Avengers". Esse nome parece até que foi tirado de um grupo de WhatsApp criado às pressas:

"Pessoal, bora resolver esse ataque alienígena? Nome do grupo? Ah, sei lá… Vingadores mesmo. Tá bom assim, né?"

E pior que foi isso mesmo. No primeiro quadrinho dos Vingadores, quem dá o nome é a Vespa, no impulso. Ninguém questiona, ninguém revisa. O Thor, um deus literal, aceita na boa. O Homem de Ferro, bilionário, não sugeriu nem um branding alternativo. Cadê o Tony Stark marqueteiro quando a gente precisa?

E olha o conceito do nome: "Vingadores". O que eles fazem? Vingam.

Ou seja, alguém teve que se ferrar primeiro pra eles entrarem em ação.

Imagina o briefing da equipe:

– “Então, pessoal, vamos esperar alguma tragédia acontecer… aí a gente desce o cacete em quem causou.”
– “Mas... e se a gente impedir antes?”

Por que não escolheram algo mais proativo? Tipo: "Os Evitadores"?
Ou "Os Resolvedores de Problemas Antes Que a Cidade Vire Pó"?
(Nome longo, sim. Mas é honesto.)

E se você acha que esse é um caso isolado… pensa nas outras equipes:

  • Defenders – eles defendem.
  • Invaders – invadem!
  • X-Men – uns homens com um "x" a mais.
  • Inhumans – são… menos humanos?
  • Fantastic Four - quatro caras fantásticos¡
  • Se tivesse um herói irlandês, certeza que ia cair em The Gingers.

Essa lógica é tipo fazer um grupo de bombeiros e chamar de "Os Apagadores".
Ou melhor: "Os Incendiários", mas no sentido emocional.

Agora, corta pra vida real. Lembra do seu primeiro e-mail? Aquele clássico:
bigballs@hotmail.com
Parecia maneiro com 14 anos, né?
Mas aí chega a entrevista de emprego:

– “Então, senhor Bigballs… pode nos falar um pouco sobre sua experiência em Excel?”

É isso que a Marvel fez. Criaram o e-mail bigballs do mundo dos super-heróis… e nunca trocaram.

E o cúmulo vem numa splash page que li uma vez, onde o Capitão América grita pra inspirar a galera:

“Avengers! For justice, not vengeance!”

PERA AÍ. Justiça, não vingança?

VOCÊS SE CHAMAM VINGADORES, CAPITÃO!

Se é por justiça, então muda o nome do grupo, cara. Sei lá...
Justice Le—