LOOP 01
23 de novembro de 1775.
Véspera da primeira grande batalha. As forças das colônias preparam para receber a investida de sua metrópole européia. O Grande General reúne seus comandados mais graduados, pesa as opções. A batalha que se seguiria iria definir os rumos da guerra. Se suas nações irmãs iriam se tornar independentes, se iriam rechaçar os estrangeiros que os oprimiram, escravizaram e roubaram suas terras.
Então sentinelas dão um breve alarme. A princípio parecia ser um espião, mas na
verdade era um jornalista.
257
anos no futuro para ser exato, da nação surgida a partir das colônias que se
uniram para a guerra.
O General pergunta então: “Ganharemos a Guerra?”
E o viajante diz: “Sim. A grande guerra que começará com a batalha de amanhã inspirará nossa nação. Triunfaremos contra uma força tida como superior. Nosso espírito indomável inspirará outros povos. O eixo do poder mudará para nosso continente, centrado na nossa nação. Isso me deu os meios para, daqui a 257 anos, eu inventar a máquina do tempo”.
O General gostou da resposta. Muitas de suas dúvidas estavam debeladas por aquele patrício de outro tempo.
A batalha começa no raiar do dia seguinte. As tropas chocam-se. A superioridade dos europeus era inegável, mas o presságio de Arrelio era inequívoco. O general marchou sem temer... Até que ficou claro que a batalha estava perdida.
O general recuou no último momento possível com o que pode angariar da armada original, certo que talvez fosse um primeiro movimento. O destino estava escrito, e seria inexorável. Talvez com a derrota na primeira batalha seria o elemento que desestabilizaria a metrópole se tornando convencida e vulnerável. Mas luta após luta, as forças coloniais perdiam.
Eventualmente o general foi capturado e marcado para a execução. Mas ele era o herói. O viajante do futuro disse. Mesmo enquanto esperava os tiros no paredão de fuzilamento, estava certo de que a história se corrigiria.
Com um grito de “FOGO!” tudo acabou.
Arrelio só anos depois percebeu que, por causa da “certeza” que venceria, o seu herói - o general que em seu passado relativístico triunfou e formou a mais importante nação de sua terra - tomou decisões temerárias. Com a certeza do desfecho, ele jamais calculou os riscos. Assumia que tudo acabaria bem porque assim o destino queria. E isso foi sua ruína, ao menos imediata.
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LOOP 02
23 de novembro de 1775.
Véspera da primeira grande batalha. As forças das colônias preparam para receber a investida de sua metrópole européia. O Grande General reúne seus comandados mais graduados, pesa as opções. A batalha que se seguiria iria definir os rumos da guerra. Se suas nações irmãs iriam se tornar independentes, se iriam rechaçar os estrangeiros que os oprimiram, escravizaram e roubaram suas terras.
Então sentinelas dão um breve alarme. A princípio parecia ser um espião, mas na verdade era um jornalista.
268 anos no futuro para ser exato, da nação surgida a partir das colônias que se uniram para a guerra.
Sua tecnologia o permite entrar incólume no acampamento, mas sua postura pacífica deixa claro que não desejava fazer mal. Ele se apresenta como Lucas Arrelio. E declara que tinha conseguido inventar a máquina do tempo há poucas horas (relativo a ele). Seu desejo era apenas assistir àquela batalha, histórica em seu tempo. Prometia não alterar nada no desenrolar e desfecho.
O General pergunta então: “Ganharemos a Guerra?”
E o viajante diz: “Não. Os eventos são vagos, mas sua inegável convicção garantiu que mesmo após a derrota, mesmo após seu fuzilamento, nosso patriotismo será moldado por seu exemplo, e na próxima guerra triunfaremos. Nosso espírito indomável inspirará outros povos. O eixo do poder mudará para nosso continente, centrado na nossa nação. Isso me deu os meios para, daqui a 268 anos, inventar a máquina do tempo”.
O General se espantou com a resposta. Muitas de suas dúvidas estavam debeladas por aquele patrício de outro tempo.
A batalha começa no raiar do dia seguinte. As tropas chocam-se. A superioridade dos europeus era inegável. Então, após testar suas forças, o General ordenou que recuassem, dando aquela vitória aos opressores, mas com mínimas baixas em seus comandados.
O destino estava escrito, e seria inexorável. O general começou a ponderar o que teria feito de errado, e duvidava de todas as suas decisões. E mesmo das dúvidas surgiam dúvidas. Sempre que surgia algum elemento complicador antes das suas forças encontrarem as européias, ele recuava. Deveria ser inteligente, ou ao menos era o que pensava.
Eventualmente o general estava prestes a ser capturado. Seria marcado para a execução, pelo que disse o viajante do futuro. No último momento, ele abandonou a farda e as medalhas, suas honras militares que o levaram ao comando das forças coloniais, e desapareceu na névoa da ignorância da história, sobre um disfarce tão humilhante e vergonhoso que mesmo se as forças européias o flagrassem, não reconheceria aquele que deveria ser seu mais temível inimigo.
A rebelião colonial foi massacrada. A metrópole destruiu todo e qualquer fagulha rebelde nas colônias. Arrelio que assistia a tudo estava crente que em determinado momento começaria o segundo movimento revoltoso, mas este nunca veio. Sua nação jamais surgiu, pois viram a grande guerra como um espasmo ineficaz de um covarde vaidoso. Quem se erguesse contra a metrópole européia seria massacrado, simples assim. O viajante não ousou voltar a seu tempo, pois não saberia o que esperar. Ele tinha tecnologia e meios para vier alheio a tudo. E assim ficou isolado até seus últimos dias de vida.