quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Eu respeito os Narradores de RPG

Eu respeito os Mestres. Prefiro chamar de “Mestre” a “narrador” para enaltecer esse que precisa bolar com cuidado toda a diversão daquela tarde de sábado, por a cara a tapa, e ver seu trabalho desandar porque ao invés de pilotar aquela nave para ir do ponto “A” para o ponto “B” do cenário de jogo, um jogador explode as naves e espera miraculosamente um novo meio de transporte.
 Não falo por ter passado pelo menos 3/5 da minha vida RPGística atrás do escudo, pois estou cultuando na ótica do jogador. Foi pensando nas campanhas que eu cheguei a esta conclusão, e comecei a digitar aqui na esperança de se tornar um texto.
 Mestres que me aturam como jogador merecem aplausos. Eu sou um jogador difícil, pois eu sou bem egoísta no grupo. Eu vislumbro a campanha sobre eu e os outros caras que me acompanham... Não por ser mais poderoso que os outros (especialmente em D20. Nunca consigo um PJ com carreira). Mas uma coisa é certa: eu chego no horário, e se tiver bate-boca entre jogador e narrador, fico do lado deste último.
 E eu passei poucas-e-boas aqui, entre vampiro morto com bala envenenada (ver post sobre Doykod), precisar mudar o conceito do Edranoew porque o novo mestre queria seu personagem morto de volta (ver o “O Clube dos 5), Abandonar personagens que eu gostava por birra ou outros pretextos (ver post do Melekashiro) Ser um cainita vendo príncipes pilotando caças em plena nova yorque, preparar sereia para ir para o oceano e o mestre muda tudo para o interior de uma mina... Etc.
 Sim, não sou um bitolado e sei diferenciar uma campanha ruim ou alguém perdendo a mão. E me chateio se eu percebo clara perseguição (como foi o caso da bala envenenada). Mas a última coisa que me veriam é eu protestando na mesa, criando um clima ruim que invariavelmente acaba com o grupo.
 Depois, especialmente dando carona para os demais participantes, aí é outra história. Os pontos fortes e fracos do mestre vinham em pauta. Quando Jean começou a narrar Tormenta, a gente brincava que ele tinha uma única voz (a do Presidente Lula) para todos os personagens... seja aldeão, seja lizardman, seja a taverneira peituda chamada Jéssica. Depois, quando narrava Ravenloth, resmungávamos que nunca completamos uma missão! E que meu guerreiro Lvl13 se tornava um total inútil porque tudo que esbarrávamos tinha aura de medo (Não que minha lendária falta de sorte nos dados precisasse de ajuda de um teste com menos de 20% de chance de passar). Mas sempre com bom humor, nunca na mesa durante a partida. E no domingo seguinte, lá tava eu com a ficha.
 Passei semanas sem saber o que fazer no clima espião/realístico da campanha de Mestre Thales, o Nonsense da segunda geração do M&M de Mestre Kineko (Mesmo esbarrando com o tal assassino capaz de “matar todo o grupo duas vezes com um só tiro”). O que dizer da campanha L5R de Mestre Gustavo, que ficamos todos tensos a noite inteira só assistindo ao jantar dos Daimios sem sacar armas nenhuma vez?
 Mesmo como jogador eu sou adepto da “Regra de ouro” do RPG. Se algo no cenário me parece estranho, é porque alguém que sabe toda a trama – e seus desdobramentos – acha que é melhor assim. Mas como mestre já vi que não é prática comum ao jogador mediano ser tão masoquista. Minha irmã, em uma one shot fora do enredo que trabalhava há quatro meses, matou todo o grupo e se suicidou. Meu PBEM da Cruzada, antes de entrar na saga épica dos jogos de Dee-jin, debandou alegando que eu era tirano e que outros NPCs matavam os caras maus e não eles.

Credo... Vou parar por aqui esta linha infeliz antes que devaneie para minhas amarguras.

 Se eu pudesse dar conselhos ao mestre, eu diria... Use filtro solar. Só isso. Tudo o que eu poderia passar é como EU me sinto confortável como mestre. Cada qual tem seu estilo, e pode dar certo ou não. Não adianta “mapear jogadores”, escolher sistemas mais fodões ou mais fáceis ou mais “sombrios”. Não há uma fórmula. É complicado e muito provavelmente não vai agradar a todos o tempo todo. Mas se os jogadores tiverem alguma maturidade e respeito pelo maluco de trás do escudo, e a mente aberta para se divertir, seja temas adultos e sombrios, seja sentais coloridos, o RPG está garantido.
O mestre pode contar com minha colaboração quando eu for player. É só não colocar coalas na história.