terça-feira, 15 de maio de 2012

"Ser Mestre é padecer no paraíso - III" -


"Ser Mestre é padecer no paraíso - III"

Quando o personagem é bom demais para o cenário!



- Okey, o grupo começa em uma Taberna.

- Não!

- Eh... Como assim?

- Eu sou Caulyflor, o Veggan. Tenho votos de pureza para meu senhor, o Deus Verde. Não me corromperia indo a uma Taberna beber. 
- Você não precisa beber. Tem alimento e ... 

- Duvido que um estabelecimento plebeu tenha recursos para uma alimentação digna. 
- Pelo menos, vá pelo companheirismo. Seus colegas estão lá... Mesmo o Paladino e o Clérigo!

- Minha presença indicaria tolerância a um antro de bebuns.

- Certo... Onde estaria Caulyflor então?

- Num templo botânico ao Deus Verde.

- Esta é uma cidade nos recôncavos afastados do reino. O Deus Verde nem mesmo é conhecido. Mas na Taverna...

- Esqueça a taverna. Vou buscar uma região mais pura da natureza nos arredores da cidade.

- Aff... Bem, Vocês estão num lago de águas límpidas nos arredores da cidade de Yngarth. O sol é convidativo a todos e...

- Porque eles estão aqui?

- Porque você não aceita estar em uma taverna.

- Mas se eu me recolho a orar ao Deus Verde, preciso de total paz e silêncio. Porque eles não vão para a taverna, que é mais apropriado?

- >ahf< certo. Vocês partem para a Taverna, deixando Caulyflor solitário na margem do lago. Chego já a vocês. Antes, algo em especial que queira fazer, Caulyflor?

- Apenas buscando a paz de espírito.

- Certo. Você buscava a paz de espírito quando ouve um barulho.

- Tento ignorar.

- Eh... Em um mundo medieval, isso é suicídio. Pode ser um assassino esgueirando-se pelas suas costas...

- Fazendo tanto barulho assim?

- É um velho quase desmaiando. Ele tenta a todo o custo alcançar a cidade.

- Caulyflor deseja a ele boa sorte em sua missão.

- Como? Não cai ajudar a ele?

- O Deus Verde é true Neutral. Acha que "o que tiver de ser, será"!

- O velho cai no chão, quase morrendo, e suplica sua ajuda.

- Eu ignoro.

- Certo... Ele rasteja na direção da taverna. Guardo a ação para vocês... Não quer mesmo fazer nada?

- Não. Encontrarei a paz de espírito.

- Certo, então vou separar vocês e passar a missão para seu grupo, okey?

- Tudo bem.

(alguns minutos depois)

- Você vê seu grupo, com uma mochila que pertencia ao velho, na estrada marchando rumo ao sul, em disparada. Curiosamente, eles não tiveram grandes vontades de convocá-lo... Eu me questiono o Porquê...

- Se eu não fui convocado, não era para ser.

- Nem ao menos buscará a Taverna para saber o que houve com o velho e seu grupo?

- Posso deduzir que eles receberam uma missão do velho e partiram.


- Okey, isso é meta-jogo. Tá reclamando do clichê? Esta é a primeira aventura! Tenho que começar de algum ponto! Você já estaria meio-caminho de tudo se ficasse na Taverna cinco minutinhos.

- Não, eu sei distanciar-me do meu personagem, e sei interpretar perfeitamente o que ele faz. Por isso, mantenho-me fiel ao que prega o Deus Verde! 

- Okey, você ouve uma voz...

- Eu a ignoro. 

- Impossível. É uma voz no interior de sua mente.

- Na minha mente?  

- Sim, ela diz: "Caulyflor, sou eu, o Deus Verde! O reino está em perigo e você será necessário para debandar um grande mal!"

- Ignoro. 

- O... Como é? Vai ignorar o seu Deus?!?

- A filosofia dele é: "o que tiver de ser, será". Ele não interfiriria diretamente em assuntos mortais. Ou isso é ação de um telepata tentando me corromper, ou é fruto de esquisofrenia brotando em mim. E ambos são combatidos com uma jornada de auto-conhecimento para o âmago de meu ser, em posição de lótus, encarando o lago. 

- Eh... O Deus Verde Insiste. "Cauliflor, o Veggan! Eu não faria uma exceção se não fosse importante! Siga até a Taverna e aprenda sobre o grande mal que paira sobre o reino, ou eu o negarei e tomarei seus poderes!"

- Agora tenho CERTEZA que não é o Deus Verde. Ele não é chantagista e vingativo. Fico ainda mais convicto ignorando-o. 

- Certo. Você... eh... Faz uma viagem de auto-descobrimento e encontra a solução: Ir à Taverna e fazer a vontade da voz.

- Hmm... Isso não me parece certo. Meus próprios pensamentos não são confiáveis no momento se eu estiver mesmo esquisofrênico. Eu ignoro essa epifanía. 

- Bem, certo. Vou seguir a aventura com o resto do grupo.

- Okey. E eu sigo em minha dedicação Veggan ao Deus Verde. 

- A propósito: Um assassino barulhento atacou por suas costas e o matou, roubando todos os seus pertences. Bom jogo!

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